No dia 26 de outubro, data em que a Igreja celebra o Nascimento de São Leonardo Murialdo, um grupo de jovens da Paróquia Santa Rita de Cássia, em Planaltina (DF), deu um passo decisivo em sua caminhada de fé. Sob a coordenação dos religiosos Josefinos, Pe. Elves Bessa, Pe. Ediglê de Souza e Fr. Ricardo de Carvalho, eles fizeram sua consagração, assumindo publicamente o compromisso de viver intensamente o carisma, a espiritualidade e a missão deixados pelo santo.

Esses jovens são a força motriz que participa e dinamiza os Oratórios Murialdo na paróquia. As atividades, realizadas periodicamente, são inspiradas na visão profética de seu fundador, concentrando-se na educação e no acolhimento de crianças, adolescentes e jovens, especialmente os que se encontram em situação de vulnerabilidade.

A proposta dos Oratórios é rica e diversificada, desenvolvendo-se por meio de um conjunto de iniciativas que integram educação, evangelização, cultura, esporte, brincadeiras e dinâmicas de grupo, sempre culminando em um momento de espiritualidade. O objetivo central é criar um ambiente seguro, familiar e acolhedor, onde a nova geração possa se desenvolver de forma integral – nos aspectos humano, social e espiritual. 

Depoimento de Anny Christine, 23 anos

Para falar um pouco sobre minha experiência com os Oratórios, precisei relembrar minha caminhada com Murialdo. Antes mesmo do meu nascimento, meus pais já frequentavam a Capela São Leonardo Murialdo, em Planaltina (DF), e, por isso, como certa parte dos meus amigos e amigas de grupo, cresci vivenciando o carisma murialdino desde criança.

Mesmo estando tão próxima, nunca havia compreendido realmente a profundidade do nosso santo padroeiro e via-o apenas como o homem que ajudava crianças necessitadas, uma figura estática, presente próxima ao altar.

Em 2023, após entrar para o Grupo de Jovens da capela, pude conhecer melhor não somente quem era Murialdo, mas também o que ele realmente quis transmitir para seus filhos e filhas espirituais.

Atualmente, participo da Comissão dos Oratórios, na Paróquia Santa Rita de Cássia, em Planaltina (DF), e vejo cada Oratório como uma oportunidade de oferecer a cada criança, adolescente e jovem e às suas famílias não apenas um momento de felicidade, mas a esperança de encontrar um amigo que compreende as dificuldades, as dores e as alegrias do cotidiano, e que nos aproxima de Jesus por meio da oração, das brincadeiras, da partilha e do amor a Nossa Senhora e a São José.

Um momento que me marcou bastante foi durante um Oratório em uma capela dos núcleos rurais da paróquia, quando abordamos o Mês Vocacional. Um menino, de aproximadamente nove anos, no momento do lanche, conversava comigo e fez diversas perguntas, mas uma chamou atenção: perguntou se eu fazia alguma faculdade.
Comentei um pouco sobre como era estudar em uma Universidade Federal, e ele compartilhou, de forma simples, seus sonhos, dizendo que queria cursar algo que ajudasse sua família a plantar e produzir mais alimentos. Naquele momento, percebi que, através do nosso simples testemunho e de uma conversa, podemos inspirar aqueles que nem sempre têm um modelo a seguir ou com quem compartilhar seus planos.

Essa é a missão da Comissão dos Oratórios: adolescentes e jovens que buscam, através do carisma do santo que nos inspira, evangelizar, seja na escola, na faculdade ou no trabalho, demonstrando nas pequenas ações do cotidiano o amor de Murialdo ao próximo.

Desde agosto, nos preparamos para nossa consagração, por meio de muita oração, das formações conduzidas pelo Fr. Ricardo e pelo Pe. Ediglê, e também pela belíssima novena realizada em honra a São Leonardo Murialdo.
No momento da consagração, recordei-me de um trecho que amo profundamente da homilia de canonização de Murialdo, na qual Paulo VI afirma:

“E per portare con noi un frammento di questa santità così semplice, così vera, così silenziosa e così feconda, e per sentirlo il Murialdo non solo vivo e glorioso in Cielo, ma nostro compagno e nostro modello nel pellegrinaggio sulla terra e nel tempo[...]”

Em tradução:
“E para levar conosco um fragmento dessa santidade tão simples, tão verdadeira, tão silenciosa e tão fecunda, e para senti-lo, Murialdo não apenas vivo e glorioso no Céu, mas nosso companheiro e nosso modelo na peregrinação sobre a terra e no tempo[...]”

Esse pequeno trecho traduz o motivo pelo qual decidi me consagrar, pois vi em Murialdo mais do que o santo ou o sacerdote, mas o pequeno Nadino, que também foi filho, irmão, aluno, amigo e pai espiritual para diversos jovens. Graças a ele, pude conhecer pessoas que partilham o carisma murialdino com fé e humildade e que agora fazem parte do meu dia a dia. Assim, nossa pequena família, que como tantas outras tem dias bons e ruins, compartilhou a alegria de dizer “sim” ao chamado do nosso amado amigo.